O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso em sua casa por volta das 6h deste sábado (22) e levado à sede da Polícia Federal, em Brasília.

De acordo com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a prisão preventiva, que não tem prazo determinado, foi decretada após a Polícia Federal identificar risco concreto de fuga.

A medida teve parecer favorável da Procuradoria-Geral da República.

PF aponta violação da tornozeleira e risco de fuga
A PF informou que a tornozeleira eletrônica utilizada por Bolsonaro teve o lacre violado por volta de meia-noite.

Além disso, Moraes destacou que uma vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em frente à casa do pai configurou “altíssimo risco para a efetividade da prisão domiciliar” e poderia tumultuar o cumprimento das medidas judiciais.

O ministro afirmou que, embora o ato tenha sido apresentado como uma vigília pela saúde do ex-presidente, houve repetição do “modus operandi da organização criminosa” investigada pelo STF, citando o uso de manifestações para gerar confusão.

Na decisão, Moraes também lembrou que o condomínio onde Bolsonaro cumpria prisão domiciliar fica a cerca de 13 km do Setor de Embaixadas Sul, distância que poderia ser percorrida em menos de 15 minutos, e mencionou indícios anteriores de tentativa de fuga para a Embaixada da Argentina.

O ministro ainda citou que parlamentares aliados, como Alexandre Ramagem, Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro, deixaram o país durante as investigações, reforçando o risco de evasão.

Após ser detido, Bolsonaro foi levado à sede da PF e, posteriormente, transferido para a Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, onde ficará em uma “Sala de Estado”, espaço destinado a autoridades como presidentes da República.

Michelle Bolsonaro não estava presente no momento da prisão.

O ex-presidente estava em prisão domiciliar desde 4 de agosto, por descumprimento de medidas cautelares, quando o STF entendeu que ele utilizou redes sociais de aliados para divulgar mensagens com incentivo a ataques ao Supremo e apoio a intervenção estrangeira no Judiciário.

A audiência de custódia está marcada para este domingo (23).

A prisão deste sábado não está relacionada à condenação de 27 anos e 3 meses de prisão imposta pelo STF em setembro, por tentativa de golpe de Estado. A decisão ainda está em fase de recursos.

Nesta sexta-feira (21), a defesa de Bolsonaro pediu a substituição do regime inicial fechado por prisão domiciliar humanitária, alegando “quadro clínico grave”, com “múltiplas comorbidades” e risco à vida em caso de ida ao sistema prisional.

Moraes negou o pedido neste sábado (22).

Fonte: g1

Texto - César Augusto Husak
Foto - Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil